C:\Users\Fala guri\Desktop\google45c75f9b8ec9581a.html

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Não vou mais insistir

- Não vou falar, também não vou acumular um rascunho sentimental. Eu lembro bem de tudo, e se eu viver até lá, penso que não vou insistir. Penso que vou reavaliar, e não vou mais pensar nisso. Não vou mais insistir.
Foi assim que encontrei o papel amassado com mais emoção de toda história da minha vida. Mas, quem foi embora foi ela, quando decidiu que não se empenharia. Foi como atirar em alguém que desarmou você. É como gastar tempo de uma breve vida, na maior besteira que você já ouviu falar. É como rascunhar linhas, do que poderia ter sido o mais belo conto.
Lembro de quando ela discutiu com seus princípios, nunca vi alguém tão teimosa, nem que esteja tão propícia a mudar de idéias, com seus pensamentos frenéticos e cautelosos que só ela é capaz. Deitada com a cabeça em minha perna esquerda, deixando seus cabelos completamente fora do eixo, com os pés balançando no braço do sofá, ela dizia, ela berrava, ela sussurava - Eu quero me contentar, quero conseguir ouvir uma música e esquecer todo este turbilhão. Não consigo ficar sozinha, não consigo ficar em silêncio. Eu quero mais de mim, eu não quero você.
Ela secava minhas fontes, matava meu ego, mas não era por manipulação. Ao contrário, ela dizia o que precisava, o que realmente queria dizer. Essa lembrança me incomoda. Me incomoda esse riso-suspiro que ela desperta mesmo longe de mim. Quando acordava de manhã, se arrastava até a torneira com a água mais gelada que podia encontrar, e formava uma poça de água em suas mãos não tão frias. Então, apertarva seus dedos no rosto, esfregava os olhos e paralisava todos os músculos faciais. Não queria expressões, ela não queria riscos. Um desenho sem cor, uma tela covarde.
Um mistério que eu desfiz, desfiz o caminho para desvendar. Se eu desvendasse, não me surpreenderia, eu não desejaria. Nossa história se estragaria. Eu fugiria, eu fugiria dela de qualquer jeito. Não seria capaz de suportar sua liberdade, não suportaria ela sendo ela, nada mais que ela. Sendo capaz de libertar-se dela, e ser tudo mais.
Depois de tanto tempo, não posso falar, nem agir como se o destino fosse o responsável por tudo. Eu poderia ter ficado em silêncio, e não teríamos dúvidas, seria fácil parar. Ninguém veria nosso lado de dentro. Mas não posso me esconder de mim mesmo. Eu sempre soube, e vou saber quando estiver lá, longe. Sempre foi diferente, incrível, e é possível, é factível, mas é só um devaneio. Minha fantasia real. É estranho, mas não é nada de mais.
Ela não acreditava no amor, ela não acreditava em mim, ela não acreditou em nada. Ela acreditou com tudo o que tinha. Eu acreditei nela, acreditei em meus falhos sentidos, acreditei em tudo. Mas não acreditei com nada. Eu disse a ela que iria embora. Vai passar. Mas, eu lembro bem de tudo. Não vou falar, também não vou acumular um rascunho sentimental. E, se eu viver até lá, penso que não vou insistir. Penso que vou reavaliar. Nada vai restar, e não vou mais pensar nisso, não vou mais insistir.
Vou amassar esse rascunho, e deixar casualmente ao lado de seu café preto e sem açúcar. Com toda emoção que eu não desejei ter. E irei embora, vou destruir qualquer chance de rever alguma de suas originalidades. Não me permito inovar, não, porque nunca me permitirei arriscar no que vale a pena.
Com toda efemeridade que eu posso deixar, e nenhum vestígio de amor. Foi o que restou de

Meu admirador secreto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Quem sabe?

Por que eu não sei?
Por que todos sabem?
Eu sei?
Por que eu não deveria saber?
Por que ninguém sabe?
Trazia uma nostalgia constante e abrangedora. Tudo era capaz de se tornar inútil. Tão inútil quanto a sede de saber o significado da obra de um acaso. Ninguém, nem um ser humano poderia domesticar as respostas de um universo selvagem. Mais selvagem que os instintos e sentidos que desconhecemos. No entanto, todos aqueles que não consideram suficiente o pouco mérito, deveriam tentar. Mérito não é nada, nada quando os outros te caracterizam por isso. Um diploma, uma medalha, uma placa pendurada na parede. Parede que será posta ao chão, quando sair de moda. Moda não é nada, nada porque os outros se caracterizam por isso.
Mas tudo é tão simples, tão acolhedor. Qual o motivo de destapar a maledicência pungente e satírica? O frio entrará, nunca mais será cômodo permanecer indiferente, tampouco ter as mesmas reações diante de diferentes aguilhões. Acontece que o frio apaixona. Tanto por seu arrebate de impressões, quanto pela encolerização do calor. "O dia se torna noite, o quente frio e o frio calor." Fere, mas instiga, é o que remete a avançar.
Pensei ser audaciosa, me surpreendi. Muito mais que isso. Tentei o discipulado de mim mesma, levando em conta a incapacidade solitária de concluir sem antes transigir ou ser acrescentada por e sobre qualquer ocasião. Preciso, mas, não só. Um é pouco, e números não são nada. Não há vírgula quando o 'e' indica somatória.
Ainda bem que o guru me adivinhou. Se não, poderia esquecer do que devo fazer. Do que fui predestinada a ser. Minha missão. Minha incrível missão de ignorar tudo isso que julgaram para mim. Obrigada a todos, por me estimular a mudar, a pensar! A repetir sem ser ouvida, muito menos entendida. Não vai durar. Daqui a pouco vão esquecer que a mãe do ex-prefeito da cidade ao lado morreu, talvez esqueçam mais cedo que a morte do... bom, você escolhe quem, não faz diferença. É que ela não rende tantas reportagens. Mas, é tudo passageiro. Tão passageiro, que morreram. E no único crematório do estado, será que vai restar alguma cinza do que foi? Do que foram predestinados a ser? Ou será que no velório, distorcerão a verdade da incrível missão que exerceram sem querer?
Todos estão ouvindo, não sou só eu. Ninguém está se importando, talvez nem eu. Todos estão enganando, mas, não a mim. Questão de sorte, de um dia começar. Cada um a sua maneira, cada um correndo seu risco. Correndo dos riscos. Extraviando rabiscos e copiando traços. E em cada um desses passos um espaço, espaço grande demais. E nem que fosse parte dos normais, seria fácil transpor tantos retalhos devassos. Nossa ponte é mesmo o traço. Mas nunca o mesmo. Artificialidade, sociedade. Presas no espelho, traçadas e pintadas da mesma cor. A verdade pode ser repetida, mesmo que seja mentira. Não vai ser absoluta para quem não for igual. Ninguém é igual. Nem se importam com a veracidade. São iguais. A liberdade é livre, não tem graça ter se não for inteira.
Engraçada ironia. Engraçada capacidade incontrolável de rir das futilidades alheias. Talvez os risos eram fúteis. Não eram, porque eu os defendo. E digo que essas distrações fazem parte do método, é melhor que desistir. Não que isso justifique, mas ajuda a procurar justificativas. Então, acho que me torno parcial. Todos são. Não quero continuar falando do valor de uma coisa, sem atender à sua estimação ou circunstâncias. É só imaginação, não tem nada a ver com você. É apenas um pedaço de carne, recebendo estímulos e fantasiando com as loucuras do mundo.
Ainda estou viva, já não sei se é suficiente.
Quem poderia? Quem quer? Quem sabe? Quem diz? Quem escreve? Quem acredita? Quem é?
Por que eu não deveria saber? Por que ninguém sabe?